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"Desde criança ouço a ladainha de que o dia de São José foi abençoado por Deus para ser um sinal de chuva no sertão. Me acostumei com isso e todos os anos, mesmo não estando mais na atividade no roçado, fico ansioso para saber as previsões meteorológicas e rezo para que o santo interceda a Deus por chuva na minha terra e em todo sertão porque isso é bom tanto para quem vive no campo como para nós que estamos na cidade", declara o servidor público aposentado Francisco Alves de Souza, 73. Nascido na fronteira do Rio Grande do Norte e Ceará, seu Francisco viveu a juventude em Pau dos Ferros, onde trabalhava em plantações de feijão, algodão, milho e outras culturas de subsistências. "Foi capinando, alimentando o gado e olhando pro alto que passei a acreditar na providência do Dia de São José".
Já a dona de casa Elita Barbosa de Amorim disse que seu pai era agricultor e ainda hoje lembra de suas falas entre a família e amigos: "Se até 19 de março não chover, não tem inverno, é a seca". Esse pensamento não era só do meu pai, era também do meu avô, a serra de Portalegre inteira, onde temos nossas terras se mobilizava fazendo procissões e novenas, pedindo ao santo misericórdia para o sertão. Quando o santo atendia, era festa no sertão. "Mas, ocorria períodos que o santo não queria ouvir o apelo e o que se via era morte do gado e da lavoura no sertão e a triste partida do nordestino num pau de arara para outras terras menos secas deixando sua terra numa triste partida. Pode até ser coincidência, mas normalmente cai um chuva nesse dia, pouca ou muita, mas cai", disse dona Elita.
Francisco Francerle, especial para O Poti
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